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EXPOSIÇÃO SOBRE XILOGRAVURAS ESTREIA NO SESI SÃO JOSÉ DOS CAMPOS NO PRÓXIMO DIA 27

Com curadoria de Célia Barros, Xilograficamente reúne obras de oito jovens artistas que utilizam a técnica da xilogravura como linguagem principal. A mostra fica em cartaz de 27 de agosto a 16 de outubro, com entrada gratuita

 Por: SESI São José dos Campos
17/08/202116:34- atualizado às 16:18 em 19/08/2021

 

Muito utilizada nos cordéis, a xilogravura, ganha destaque na nova exposição do Espaço Galeria do SESI São José dos Campos, a partir do dia 27 de agosto. A mostra Xilograficamente reúne obras de oito jovens artistas que utilizam a técnica de gravar imagens em madeira em trabalhos que apresentam pesquisas em torno da cor, da tridimensionalidade e de grandes formatos. O público pode conferir as 18 xilogravuras, além de uma instalação e uma obra tridimensional, gratuitamente até dia 16 de outubro, com prioridade de atendimento àquelas pessoas que fizerem agendamento prévio de ingressos pelo sistema Meu Sesi. A visitação acontece de terça a sábado, das 10h às 20h. 

Para a curadora Célia Barros, gravar uma madeira implica lidar com a rigidez e resistência do material, além dos veios que aparecem. “Cada madeira oferecerá diferentes características e adversidades, que inevitavelmente se farão visíveis na obra. Apesar disso, dependendo do modo como o artista se adapta à matéria e extrai dela seu potencial expressivo, conseguem-se gravuras de uma leveza e agilidade a princípio inimagináveis”, explica.

Para além das confluências em seus trabalhos com a madeira, os artistas escolhidos para compor a mostra – Santidio Pereira, Luisa Almeida, Gabriel Balbino, Kamila Vasques, Igor Santos, Julia Bastos, Rafael Toledo e Fernando Melo – também compartilharam vivências dentro dos mesmos ateliês e acompanham os trabalhos uns dos outros pelas redes sociais. “Essa reunião evidencia a importância do ambiente de formação e dos ateliês de gravura disponíveis para o exercício e o aprofundamento da prática no país”, comenta Célia.

Nesse contexto, Xilograficamente surge como uma continuação do projeto Madeira Nova, em que jovens artistas indicavam outros colegas para participar de exposições entre 2018 e 2019. Agora, os mesmos artistas apresentam novos desdobramentos em suas pesquisas na xilogravura.

 
Sobre os artistas 

Fernando Melo: começou sua experiência no Instituto Acaia aos 6 anos, aprendendo xilogravura de modo intuitivo e espontâneo. Fernando tem desenvolvido uma imagética própria, ligada ao cotidiano, à música e até às obras dos amigos ou de outros artistas que admira. Suas gravuras mais recentes mostram um desenho solto, no qual a arquitetura aparece de forma densa e misteriosa. São imagens carregadas de momentos vivenciados no dia a dia, por vezes enfrentando as dificuldades de quem resiste na favela.

Gabriel Balbino: possui formação em tipografia, xilogravura e desenho e é membro do coletivo Xiloceasa, primeiro grupo formado no Acaia, em 2005, por adolescentes da oficina de xilogravura que, na maioria, residiam nas redondezas do Ceagesp. Juntos, participam de exposições individuais e coletivas, no Estúdio Buck e no Sesc Pompeia, entre outras, além de intercâmbios culturais no Brasil e de feiras gráficas em São Paulo e no Rio de Janeiro. No desenho de Gabriel, é visível um traço solto, em que a goiva grava a imagem diretamente na madeira. Faz caminhadas e viagens, durante as quais fotografa árvores e animais e pesquisa suas origens. Em suas gravuras, explora a sobreposição e a justaposição de cores fortes, que contrastam entre si, produzindo imagens onde o fantástico e a realidade se misturam.

Igor Santos: integrante do coletivo Xiloceasa, frequenta o Instituto Acaia desde os 8 anos, e lá aprendeu a xilogravura numa prática coletiva, com desafios desde a produção de publicações, ilustrações para revistas, jornais até capas de livros. Igor desenha diretamente na madeira, aproveitando os veios e brincando com o enquadramento da imagem, dotando-a de equilíbrio e movimento. Ele cria principalmente animais, sempre atravessando rapidamente a madeira com a goiva. O desenho precisa vir à tona quase instintivamente para capturar a imagem que faísca em sua imaginação.

Julia Bastos: as mãos que despontam nas xilogravuras de Julia não acalentam, são muitas mãos sem corpo e inúmeros dedos sem garras, que contornam o perímetro de um ser. Seus trabalhos refletem uma identidade que habita um corpo e negocia existencialmente sua liberdade de ser. Nas gravuras mais recentes da artista, formada em artes visuais pelo Centro Universitário Belas-Artes de São Paulo em 2018, surge uma fusão orgânica entre a estrutura humana e o mundo vegetal, em que a necessidade de defesa e proteção se elabora por meio de uma analogia com a morfologia feminina e os espinhos que as plantas desenvolvem para se defender.

Kamila Vasques: bacharel em artes visuais pelo Centro Universitário Belas-Artes, Kamila se interessa pela forma da letra, o tipo ou fonte, que funcionam como as representações gráficas dos sons e das falas, e que, apesar de sonoras e visíveis, permanecem no indizível. A fonte das letras muda dependendo do que o texto no qual é utilizado pretende expressar. Um painel de letras, de diversas fontes, que não chega a criar palavras para serem lidas, impossível de ser traduzido em outras imagens ou sinais, e pede apenas para que o público olhe para a história da escrita, do que nela nos faz humanos, em nosso ímpeto incessante de criar imagens que nunca dizem tudo.

Luisa Almeida: o aspecto performático atravessa todo o processo de criação de Luisa, desde a música que escuta enquanto trabalha escavando a madeira, que, pelo grande formato de suas obras, exige uma performance corporal para poder observar o estado da obra, mas principalmente na hora de imprimir. Em geral, o processo de elaboração do trabalho atravessa vários estágios, desde os esboços, passando pela encenação de algumas poses que fotografa, até finalizar o desenho. Seu trabalho na exposição é inspirado na ópera do século XIX C’est Moi, C’est Toi” É Você, Sou Eu, em tradução livre), em que o personagem Don José esfaqueia e mata Carmen, a mulher que o recusou como amante por se sentir oprimida por seu ciúme asfixiante. Atualmente é mestranda em artes visuais na Universidade Estadual Paulista (Unesp), onde se graduou em 2017.

Rafael Toledo: É formado em artes visuais pelo Centro Universitário Belas-Artes de São Paulo. Explora, em sua prática, sobreposição de técnicas impressas com desenho e pintura, além de usar diferentes suportes para a xilogravura. Rafael investiga a sobreposição de planos criados em transparência, explorando ruídos gráficos, que perfazem a leitura da obra. Na obra Chuva Ácida, faz uso da repetição exaustiva de algumas matrizes, num formato que remete a uma gota, a partir de raquetes de frescobol, que colaboram para o aspecto metamorfo das figuras.

Santidio Pereira: Por volta dos 8 anos de idade, começou a frequentar o Instituto Acaia, onde realizou diversas atividades artísticas, como aulas de marcenaria, cerâmica, animação e pintura, até se destacar nas oficinas de desenho e xilogravura sob a orientação do xilogravador Fabrício Lopez. A característica mais marcante de seu trabalho se encontra no uso de diversas matrizes para a composição de uma obra única, subvertendo assim a característica de reprodutibilidade existente na linguagem da gravura. Camadas espessas de tintas agrupadas por impressões sobrepostas revelam paisagens, pessoas, animais e memórias afetivas de um tempo que o artista insiste em não apagar.

 

 

Sobre o projeto Espaço Galeria SESI-SP

A mostra Xilograficamente faz parte do projeto Espaço Galeria SESI-SP, no qual o foyer do teatro da unidade se transforma em plataforma expositiva, recebendo exposições de diferentes técnicas e formatos. Criada em 2013, a iniciativa oferece exposições de artes visuais especialmente desenvolvidas para os centros de atividades do SESI-SP, propiciando a circulação de obras originais com embasamento curatorial e expografias específicas.

 

 

Exposição Xilograficamente
Local: SESI São José dos Campos (Av. Cidade Jardim, 4.389, Bosque dos Eucaliptos)
Período: de 27 de agosto a 16 de outubro de 2021
Horários: terça a sábado, das 10h às 20h
Classificação indicativa: livre
 
Informações: (12) 3919-2058 / 3919-2020
Entrada gratuita. As visitas reservadas pelo sistema Meu Sesi (www.sesisp.org.br/eventos) terão prioridade no atendimento.