A peça inédita se inspira na obra de Luís Alberto de Abreu para questionar o cenário político brasileiro
Por: SESI São José dos Campos
23/08/201816:35- atualizado às 16:55 em 23/08/2018
Burundanga – A Revolução do Baixo Ventre foi um dos dois projetos escolhidos para compor a programação de montagens inéditas do SESI-SP em 2018. A comédia, que estreia no próximo dia 31 de agosto no SESI São José dos Campos, concorreu com outras 228 propostas recebidas exclusivamente por companhias teatrais do interior, litoral e da grande São Paulo no edital de 2018 da instituição. As sessões gratuitas acontecem de sexta a domingo, às 20h. Os ingressos podem ser reservados pelo sistema Meu SESI, no www.sesisp.org.br/meu-sesi.
A montagem da Damião e Cia de Teatro é uma irreverente comédia popular cuja essência questiona o cenário político brasileiro. Nessa história, uma dupla de trambiqueiros acaba de chegar a uma cidadezinha nos confins do Brasil. Quando os rapazes são dominados pela fome, miséria e desgaste assumem uma postura inusitada: se vestem de militares e fazem todo o município acreditar que o País foi tomado por um golpe militar.
Os moradores creem que uma revolução está em curso – motivo suficiente para acirrar as discussões e aflorar os ânimos. O mal-entendido traz à tona interesses ocultos, paixões arrebatadoras e alianças improváveis, ocasionando uma confusa e divertida revolução.
Em verbete de dicionário, “burundanga” tem sentido restrito: palavreado confuso e trapalhada. Contudo, quando toma a cena teatral, a palavra se veste de sinônimos que extrapolam a confusão para tomar novos rumos, entre os quais o da crítica social, da reflexão sobre a corrupção e do escárnio bem-humorado de mediocridades e hipocrisias.
Apesar de escrita em 1994 pelo dramaturgo Luís Alberto de Abreu, Burundanga propõe ao espectador um exercício: refletir o momento vivido pelo País nos últimos anos. “O texto continua muito atual, pois as situações, as insinuações e a corrupção no País não mudam. Os personagens de Burundanga têm fome, cada qual com um interesse próprio. Não há um pensamento ético sobre as questões, não existe uma noção de civilidade e de cidadania”, destaca o diretor Fernando Neves.
O espetáculo conta com a linguagem e poética do circo-teatro brasileiro, além da trilha sonora executada ao vivo pelo pianista Lucas Uriarte, com a participação do ator Rodrigo Nasser na rabeca. A atriz Fernanda Jannuzzelli ressalta como a melodia complementa o enredo: “A música está sempre presente. Não como um simples adorno ou acompanhamento, mas como um elemento ligado à representação, explicitando o enredo da peça e atuando como parte importante da criação da teatralidade”.
Há mais de uma década o SESI-SP seleciona projetos de montagens inéditas de todo o território nacional. No ano passado, graças ao sucesso e experiência positiva da produção de São José do Rio Preto vencedora do edital, a instituição propôs abrir um certame específico para as companhias do interior do Estado (todas as cidades fora da capital).
“É um processo muito bonito. Recebemos apenas a ideia do espetáculo, uma pequena concepção em papel, e a trabalhamos até transformá-la em realidade concreta para o público. Essa é uma das frentes de atuação do SESI-SP, a de difusão cultural, proposta que se torna ainda mais rica no momento em que fomentamos a produção teatral do interior, que muitas vezes não tem tanto espaço para ser contemplada em editais nacionais”, declara Anna Polistchuk, analista de atividades culturais do SESI-SP.
Sobre a Damião e Cia de Teatro
Inspirada na teatralidade cômica do ator, a Damião e Cia de Teatro nasceu em 2012, em Barão Geraldo, distrito de Campinas. A partir do olhar apurado de atores egressos do curso de Artes Cênicas da UNICAMP, o grupo passou a investigar as manifestações populares do Brasil. Em 2013, com Estrela da Madrugada: a história de um palhaço apaixonado, o grupo se enveredou pela essência do circo-teatro brasileiro.
Ficha técnica
Dramaturgia: Luís Alberto de Abreu | Direção: Fernando Neves | Assistente de direção: Kátia Daher | Elenco: Aline Olmos, Bruna Recchia, Fernanda Jannuzzelli, Lara Padro, Lucas Marcondes, Rafael D’Alessandro e Rodrigo Nasser | Música: Lucas Uriarte | Cenário: Márcio Medina | Cenotécnica e adereços: Zé Valdir | Iluminação: Domingos Quintiliano | Figurino: Carol Brada e Leopoldo Pacheco | Produção executiva: Cassiane Tomilhero, Cristiane Taguchi e Juliana Saravali | Assessoria de imprensa: Tiago Gonçalves | Idealização: Damião Cia. de Teatro | Equipe técnica de Arte Cênicas SESI-SP: Miriam Rinaldi, Anna Helena Polistchuk, Daniele Carolina L. Uchikawa e Flavio Bassetti | Realização: SESI-SP
SESI Viagem Teatral – Montagens Cênicas Inéditas
A área de artes cênicas do SESI-SP apresenta um vasto escopo de produções de múltiplas experiências estéticas e amplo repertório temático. Sua missão é fomentar a diversidade cultural, democratizar o acesso à arte e à informação, formar plateias e estabelecer o diálogo contínuo e permanente entre obra e público, comunidade e sociedade.
O projeto Viagem Teatral – Montagens Cênicas Inéditas visa reforçar a produção artística regional, incentivando e difundindo aspectos, características e a identidade da cultura local. A proposta é fomentar a produção cênica contemporânea do interior, litoral e da grande São Paulo, proporcionando variadas experiências estéticas para o fomento da diversidade cultural e o estímulo à formação de novas plateias.