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CÁSSIA KIS MOSTRA UM PEDACINHO DA ALMA DE MANOEL DE BARROS NO SESI SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

Com concepção geral de Ulysses Cruz, “Meu Quintal é Maior do que o Mundo” acontece nos dias 17 e 18 de maio, com entrada gratuita.

 Por: SESI SP São José dos Campos
03/05/201910:58- atualizado às 10:44 em 09/05/2019

Sucesso de público na capital paulista, no Teatro do SESI-SP, Cássia Kis agora leva para o SESI São José dos Campos um pedacinho da alma de Manoel de Barros. Em Meu Quintal é Maior do que o Mundo a atriz traz a riqueza do universo próprio criado por Manoel de Barros, homenageando o amigo e escritor. As apresentações acontecem nos dias 17 e 18 de maio, sexta e sábado, às 20h. A entrada é gratuita e os ingressos podem ser reservados pelo sistema Meu SESI, em www.sesisp.org.br/meu-sesi.

Conhecedora da obra de Manoel de Barros (1916-2014), a atriz Cássia Kis se considera uma excelente leitora do poeta e escritor mato-grossense. Após descobrir sua poesia em 1980, estabeleceu uma relação não só com a obra do autor, mas com o próprio Manoel, com quem se correspondia e se tornou amiga.

Foi justamente o livro de Manoel, Memórias Inventadas, que a atriz escolheu para marcar sua volta aos palcos depois de 10 anos (sua última peça foi O Zoológico de Vidro, de 2009). Integram a equipe, o diretor Ulysses Cruz, parceiro de trabalho de Cássia há 40 anos e com quem ela divide a criação do texto, e Gilberto Rodrigues, responsável pela execução da música ao vivo e pela direção e criação musical.

 

Sonho Recorrente

Para realizar o antigo sonho da atriz, que acalenta o desejo de criar uma versão para o palco da obra de Manoel de Barros há quatro décadas, Ulysses Cruz decidiu rever estudos iniciais desenvolvidos por Cássia e Jayme Compri, para a construção de possíveis cenas.

"Quando Cássia retomou o projeto da peça, história recorrente em sua vida, eu gelei. Ao perceber sua determinação e o risco de ela montar o trabalho com qualquer outra pessoa, eu – que tenho um prazer absoluto em trabalhar com ela, sua qualidade como atriz é superlativa – topei na hora", declara Ulysses Cruz.

A sacada de Ulysses ao ler o livro Memórias Inventadas foi perceber que todos os textos continham um enredo. "De cara entendi que não dava para fazer o livro todo pela quantidade de textos e o risco da fragmentação em pequenas histórias, que geraria dificuldade de compreensão. Fiquei, então, com a batata quente na mão de escolher, entre tantos, os textos poéticos mais significativos", comenta o diretor, ressaltando que "teatro tem de ser vibrante, gerar faísca". 

Para o ponto de partida da encenação, Ulysses recorreu à memória dos tempos em que dava aulas de teatro, quando usava o livro Improvisação para o Teatro, de Viola Spolin. Assim, com base em três conceitos contidos no livro - onde se passa a ação, quem está na ação e o que estão fazendo - Ulysses organizou os 18 textos. O trabalho incluiu a necessidade de ligar um texto ao outro para ampliar a ideia de continuidade ("pois cada texto, todos curtos, encerra em si o mundo").

A estrutura da peça permite que o público entenda quais são as fontes do poeta por meio de uma divisão em blocos: o bloco Onde reúne textos com as descrições dos cenários que Manoel de Barros faz de seu mundo, o quintal, simbolizado pelo tapete. O segundo bloco, Quem, traz os textos que mostram quem é pessoa que descreve tais cenários, ou seja, o menino, o homem ou velho Manoel de Barros. Finalmente, os textos do O que que trazem os objetos de inspiração do poeta. Ulysses também se colocou no lugar do público e gostaria que ele sentisse "a alegria de ouvir textos tocantes, surpreendentes, lindos, felizes, angustiados, dramáticos, engraçados e bem-humorados".

 

Sobre a encenação

Para construir a atmosfera sonora da montagem, Ulysses convidou o músico Gilberto Rodrigues (com quem já havia trabalhado em Leão no Inverno). A presença da sonoridade do vibrafone foi o único pedido ao músico. Para criar a luz, juntou-se à equipe o jovem Nicolas Caratori, estreando como light designer. E para dar conta do trabalho físico de Cássia Kis, a direção de movimento foi entregue a Cynthia Garcia, “pupila” de Ivaldo Bertazzo.

Para o diretor, a necessidade de uma direção de movimento se deu quando "as demandas corporais começaram a ficar pesadas, afinal a peça fala de um menino com 5 anos, um jovem de 15, um homem de 40 e um velho de 85, num quintal, que é um tapete". Por ser uma prosa poética, Ulysses Cruz finaliza afirmando que a peça vai na contramão do que há em cartaz hoje.

 

Sobre Manoel de Barros

Manoel Wenceslau Leite de Barros nasceu em Cuiabá (MT), em 19 de dezembro de 1916 e mudou-se para Corumbá (MS), onde se fixou em uma fazenda no Pantanal. Estudou num colégio interno em Campo Grande e depois no Rio de Janeiro. Anos depois, passou um tempo na Bolívia e no Peru e, em e seguida, morou por um ano em Nova York, onde estudou sobre Cinema e Artes Plásticas no Museu de Arte Moderna (MoMA).

É autor de 18 livros de poesia, além de livros infantis e relatos autobiográficos. Recebeu duas vezes o Prêmio Jabuti, duas vezes o Prêmio Nestlé e também foi premiado pela Academia Brasileira de Letras (ABL), pela Biblioteca Nacional e pela Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA). Manoel de Barros conta com uma consistente fortuna crítica, mas seus comentários sobre a própria obra são considerados um dos melhores e foram fornecidos tanto em entrevistas quanto em versos que escreveu “desexplicando” o próprio trabalho literário.

Segundo ele, “ao poeta faz bem desexplicar”, ou melhor, o entendimento de sua poesia não passa pelo crivo cerebral, pois “não é por fazimentos cerebrais que se chega ao milagre estético senão que por instinto linguístico”. Faleceu em novembro de 2014, pouco antes de completar 98 anos.

 

Ficha técnica

Obra: Manoel de Barros | Elenco: Cássia Kis | Concepção e direção geral: Ulysses Cruz | Adaptação do texto: Cássia Kis e Ulysses Cruz | Direção de Produção: Gustavo Nunes | Cenário e figurinos: Ulysses Cruz | Direção e criação musical: Gilberto Rodrigues | Execução musical: Gilberto Rodrigues | Fotografia e Design: Gal Oppido | Design do convite: Marcio Oliveira – Graphix | Assistente de Fotografia e Design: Marina Engelhardt | Luz: Nicolas Caratori | Direção de Movimento - Cynthia Garcia | Costureira: Judite de Lima | Adereços: Luis Rossi | Produção executiva Rio de Janeiro: Mariana Chew | Produção executiva São Paulo: Arte & Atitude: Monique Mendonça, Isabel Gomez, Renata Bento, Andreia Besteiro | Assistente de iluminação: Vitória Pamplona | Produção geral: Turbilhão de Ideias Entretenimento

 

SESI Viagem Teatral

O programa realizado pelo setor de Artes Cênicas do SESI-SP apresenta um panorama da produção cênica brasileira contemporânea, proporcionando variadas experiências estéticas, para o fomento da diversidade cultural e o estímulo à formação de novas plateias. A cada ano cerca de 35 espetáculos são selecionados via edital para compor o projeto. As peças circulam por 17 teatros em todo o Estado de São Paulo. O Viagem Teatral movimenta mais de 460 artistas, técnicos, produtores e profissionais que vivem em função da arte no País. Em 2018, por exemplo, mais de 62 mil pessoas tiveram a oportunidade, gratuitamente, de assistirem os espetáculos apresentados.

 

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