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Com grande elenco e sucesso de público, Senhor das Moscas chega ao SESI São José dos Campos

O clássico de William Golding ganha adaptação dirigida por Zé Henrique de Paula, com direção musical de Fernanda Maia. O espetáculo pode ser visto gratuitamente nos dias 16 e 17 de março.

 Por: SESI São José dos Campos
26/02/201817:45- atualizado às 12:53 em 28/02/2018

Nos dias 16 e 17 de março, às 20h, o SESI São José dos Campos recebe o espetáculo Senhor das Moscas, clássico dos anos 1950 da literatura britânica, que rendeu o prêmio Nobel de Literatura ao autor William Golding em 1983, e que ganhou sua primeira adaptação brasileira para os palcos do Teatro do Sesi pelas mãos do diretor Zé Henrique de Paula. Os ingressos podem ser reservados pelo sistema Meu SESI em www.sesisp.org.br/meu-sesi

Na trama, um grupo de garotos ingleses, a princípio liderados por Ralph, se veem presos em uma ilha deserta após um acidente com o avião que os levava do internato para longe da guerra. Divididos entre concentrar esforços para serem salvos – como desejam Ralph e Porquinho, o menino gordinho e mais sensato do grupo –, ou abraçar a ideia de que precisarão se adaptar à nova vida, os garotos passam a vivenciar conflitos típicos de uma sociedade em processo de criação (definição dos líderes, busca por alimento, preocupações com segurança e o convívio com o outro) e a enxergar em Jack um outro tipo de liderança. 

Além dessa uma liberdade nunca antes experimentada, longe da supervisão de qualquer adulto, a chegada de um “bicho” irá aterrorizar os 12 garotos e transformar radicalmente sua convivência em grupo. 

O espetáculo conta também com músicas cantadas pelos próprios atores em cena, acompanhados por músicos que tocam ao vivo em cada apresentação. O grande destaque é a música original composta especialmente pela diretora musical Fernanda Maia para a montagem. 

SOBRE A ENCENAÇÃO – POR ZÉ HENRIQUE DE PAULA

 

O Senhor das Moscas é um clássico da literatura inglesa – escrito em 1954, em plena Guerra Fria, o romance se tornou um dos mais importantes do século XX e deu a William Golding um Prêmio Nobel de Literatura.  Mas o que existe nele que ainda possa nos interessar e, mais ainda, provocar interesse no jovem de hoje em dia? 

Felizmente, a obra sobreviveu ao tempo e está mais atual do que nunca. Em tempos de grande agitação política, de ídolos instantâneos e de fluidez de identidade (especialmente entre os adolescentes), as aventuras de Jack, Ralph, Simon e Porquinho e seus dilemas éticos, morais e afetivos parecem ter sido escritos para o Brasil do século XXI. Como numa saga shakespereana em que há drama, comédia, luta, morte, natureza, aventura e religião – tudo junto numa só história – queremos dar combustível à peça através de uma de suas principais características: a velocidade e a ferocidade dos acontecimentos. 

Há muito, esse binômio ritmo acelerado/violência tem frequentado o cinema, as graphic novels, o videoclipe. No teatro, o fenômeno é sazonal: visitou os palcos na era elisabetana, reapareceu pontualmente em alguns momentos do século XX. Pois é esse binômio que queremos explorar, acreditando ser a matéria prima que trará à tona os grandes eixos temáticos da obra de Golding – a essência verdadeiramente bestial do ser humano; a luta pela civilização; a formação dos partidos (em sentido mais amplo, não o meramente político); o sentido de amizade, lealdade e a criação dos vínculos afetivos; a natureza do misticismo, a necessidade dos deuses e da epifania espiritual na vida dos homens. 

O Núcleo Experimental tem como base de seu trabalho o ator. Aliado à síntese de elementos cênicos e à busca de bons textos, o trabalho dos atores é o foco de nossa pesquisa cênica. Pesquisamos a expressividade da ação física, o sentido de coesão e união cênica e, paralelamente, experimentamos os possíveis usos para a música e o canto no acontecimento teatral. Todos esses elementos permeiam a encenação de Senhor das Moscas, já que buscamos uma encenação limpa, de poucos elementos, com iluminação e música com alta significação cenográfica e direcionada aos quatorze intérpretes das crianças criadas por William Golding. Ele que é o nosso protagonista, uma vez que acreditamos que não há bom teatro se não iluminarmos, antes de mais nada, as ideias do autor”. 

Sinopse 

Crianças inglesas de um colégio interno ficam presas em uma ilha deserta, sem a supervisão de adultos, após a queda do avião que as transportava para longe da guerra. Os meninos se vêm sob duas lideranças naturais: Jack está sempre preocupado em caçar, matar os porcos selvagens que existem na ilha, organizando sua equipe de caçadores; enquanto Ralph ocupa-se em deixar uma fogueira sempre acesa, para que possam ser, um dia, salvos. Ralph deseja voltar para o mundo moderno, para a civilização, enquanto Jack cada vez mais rompe seus laços com ela. A situação se torna mais complexa quando aparece um “bicho” para aterrorizá-los. Então as crianças escolhem um símbolo sobrenatural: uma cabeça de porco espetada numa estaca, que eles batizaram como Senhor das Moscas e para quem pedem proteção contra os perigos da ilha. 

Ficha Técnica 

Elenco: Arthur Berges, Davi Tápias, Felipe Hintze, Felipe Ramos, Gabriel Malo, Gabriel Neumann, Ghilherme Lobo, Lucas Romano, Paulo Ocanha Jr., Pier Marchi, Rodrigo Caetano, Rodrigo Vellozo, Thalles Cabral | Stand-in: João Paulo Oliveira e Luiz Rodrigues | Texto: Nigel Williams | Tradução: Herbert Bianchi e Zé Henrique de Paula | Direção: Zé Henrique de Paula | Direção musical e preparação vocal: Fernanda Maia | Preparação de atores: Inês Aranha | Coreografia: Gabriel Malo | Cenografia: Bruno Anselmo | Figurinos: Zé Henrique de Paula | Iluminação: Fran Barros | Design de som: João Baracho | Assistente de direção: Rodrigo Caetano | Assistentes de figurino: Danilo Rosa e Leandro Oliveira | Design gráfico e vídeos: Laerte Késsimos | Coordenação de produção: Claudia Miranda | Produção executiva: Laura Sciulli  | Assistentes de produção: Louise Bonassi e Mariana Mello | Fotos: Giovana Cirne

SESI Viagem Teatral

O programa realizado pelo setor de Artes Cênicas do SESI-SP apresenta um panorama da produção cênica brasileira contemporânea, proporcionando variadas experiências estéticas, para o fomento da diversidade cultural e o estímulo à formação de novas plateias. Os espetáculos de teatro, teatro-dança, teatro-circo, teatro de bonecos ou formas animadas e performances, selecionados via edital de chamamento ou convite, circulam nos teatros do SESI São Paulo, gratuitamente, o que contribui para que diversos públicos, adulto, jovem e infantil, tenham acesso a produções de qualidade, com grandes nomes da dramaturgia.

Para o ano de 2018, a seleção de espetáculos com perfil mais polêmico reflete a importância do debate de ideias, por vezes difícil, mas fundamental para o avanço da sociedade contemporânea. Os espetáculos se destacam não apenas pela relevância dos temas abordados, como pelo reconhecimento do público e da crítica especializada, muitos deles premiados.